sexta-feira, 14 de março de 2014

Queimaduras: bebês de 1 ano têm 10 vezes mais risco de sofrer esse acidente

andreia vieira

Queimaduras: bebês de 1 ano têm 10 vezes mais risco de sofrer esse acidente


Criança abre a torneira (Foto: Thinkstock)

Dar um banho ou uma mamadeira quente para as crianças pode ser uma delícia. Mas é importante prevenir que seu filho se queime. A pele dele é mais fina e delicada que a sua, porque ainda tem pouca queratina e colágeno—são essas proteínas que tornarão a epiderme—camada mais superficial da pele—resistente, com o passar do tempo.
As principais vítimas desse tipo de acidente são os bebês de 1 ano, de acordo com estudo publicado no periódico científico Archives os Diseases in Childhood. Pesquisadores da Cardiff University, no Reino Unido, analisaram 1.200 indivíduos menores de 16 anos que sofreram queimaduras e foram atendidos nos departamentos de emergência do país. Eles concluíram que, na faixa de 1 ano, o risco de se machucar dessa forma é 10 vezes maior do que em outras fases da vida.
Nessa idade, você ainda segura seu filho no colo enquanto resolve as tarefas do dia a dia. É comum, portanto, que vigie o fogão ou passe pela cozinha com ele nos braços. A curiosidade pode fazer com que o bebê estique o braço e esbarre no cabo da panela. Aí a sopa quente, por exemplo, vai virar em cima dele, provocando o estrago. No estudo, 58% dos acidentes ocorreram por situações como essa, em que há contato com líquido em alta temperatura. No Brasil, houve 1.544 internações de crianças com queimaduras do gênero em 2013, de acordo com a ONG Criança Segura. “É na faixa etária de 1 a 5 anos que mais ocorrem machucados. As crianças não têm noção do perigo e buscam novas experiências”, diz Samar Mohamad El Harati, dermatologista do Hospital São Luiz Anália Franco (SP).
A curiosidade também pode levar os bebês a engatinhar e puxar a toalha da mesa em direção ao chão. Resultado: xícaras e copos serão derrubados e o conteúdo causará queimaduras.As mamadeiras e banhos quentes também podem ferir os bebês. “A mãe, atarefada e com pressa, não verifica a temperatura do líquido. A maior parte dos acidentes ocorre por desatenção”, explica Fernando Freitas de Oliveira, coordenador de ensino médico do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus (SP).
As brincadeiras impróprias também representam risco de queimaduras. Tomadas e fios, por exemplo, não podem estar ao alcance das crianças. No Brasil, a exposição a correntes elétricas é a maior causa de morte nesse tipo de acidente – foram 144 casos fatais no ano passado. Fogos de artifício e fósforos entram na lista de itens proibidos. E acredite: achapinha é outro perigo. Quando você termina de alisar os cabelos e deixa a prancha sobre a cama ou um móvel baixo, seu filho pode tentar brincar com o objeto e encostar na superfície aquecida. Nos Estados Unidos, a chapinha foi a vilã em 42% dos casos que resultaram em lesões.
E o que fazer caso o acidente ocorra?


A primeira medida é colocar a área queimada em corrente de água fria, por cinco minutos. Isso aliviará a dor e limpará o local. Mas atenção: não recorra a tratamentos caseiros, como colocar pasta de dente ou margarina no ferimento. O risco de infecção aumenta e a cicatrização é prejudicada. Em queimaduras de primeiro grau, em que há vermelhidão em uma pequena área do corpo, não é necessário procurar ajuda médica. Basta hidratar com um creme apropriado, como de aloe vera ou camomila. Caso seu filho reclame de dor, ligue para o pediatra e peça a recomendação de um analgésico para aliviar o desconforto.
Se surgirem bolhas na pele ou a área afetada for maior que o tamanho da palma da criança (queimadura de segundo grau), vá ao pronto-socorro para analisar a extensão da lesão. O mesmo cuidado deve ser tomado quando rosto, mãos e região genital forem feridos. Caso a  roupa grude na pele, não a puxe – o médico removerá o tecido corretamente. Nos casos mais graves, a profundidade da queimadura é maior e a criança precisa ser internada.
Como evitar?


A maior forma de evitar as queimaduras é ficar atento à criança:
- Antes de colocá-la na banheira, use um termômetro para medir a temperatura da água. Ela deve estar entre 36,5°C e 37°C. Se não tiver, encoste o pulso – que é sensível – e sinta se o líquido está morno.
- Ao amamentar, você produz o leite na temperatura certa. Se o seu filho usar a mamadeira, coloque alguns pingos da bebida no pulso ou no dorso da mão. Não se preocupe: leite morno não dá dor de barriga!
- A cozinha é o cômodo da casa com mais focos de acidente. Se estiver preparando alimentos quentes, não permita que seu filho se aproxime.
- Esqueça as toalhas compridas, para evitar que a criança puxe a barra delas. Sobre a mesa, não coloque bules ou recipientes com líquidos quentes. Sirva-se e guarde esse tipo de louça.
- O sol causa queimaduras tão graves quanto as demais. Para os bebês com menos de 6 meses, que não podem passar protetor solar, invista em chapéus que tenham o filtro na composição do tecido. E, claro, jamais exponha a criança aos raios ultravioleta entre 10 e 16 horas. Para as maiores, o protetor solar deve ser reposto com frequência.
- Produtos de limpeza também causam queimaduras. Mantenha as crianças à distância deles. Uma boa opção é comprar álcool em gel, para evitar acidentes.
- Você não terá controle do comportamento da criança na escola. Portanto, escolha um colégio ou creche com salas pouco numerosas. Cada professor/auxiliar deve tomar conta de, no máximo, 5 crianças.

E fique atento a essa dica: uma forma de minimizar os danos de uma provável futura queimadura é usar hidratantes infantis específicos para a criança. O médico pode aconselhar um produto com ureia, por exemplo, que deixará a pele dela mais firme. Outra sugestão é evitar banhos longos, porque a água resseca a pele. Se o seu filho se lava três vezes ao dia, não precisa exagerar no sabonete em todos os momentos. Capriche somente na limpeza das virilhas, dos pés e das axilas. “O produto também deixa a pela seca e mais sensível”, explica a dermatologista.

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